"EU QUERO SER BAILARINA"
Quando eu era criança queria ser secretária, professora, astróloga... E quando somos crianças nossos pais querem saber o que queremos ser quando crescer – dentista, advogada, médica... - meu pai um dia me perguntou e eu respondi “Eu quero ser bailarina” ele respondeu: “Ah isso não dá dinheiro”.
Ao contrário de muitas bailarinas, não comecei criança, na minha casa não tinha nenhuma manifestação artística. Eu gostava de ver no Vídeo Show, a agenda cultural, para ver umas imagens de gente rolando no chão, saltando, o corpo caindo, uma luz colorida... E as aberturas do Fantástico?! Me deixavam totalmente ligada na TV. Dançava com a Xuxa o tempo todo. Sempre soube das coreografias e imitava tudo.
Talvez percebendo essa minha vontade de dançar, aos 10 anos minha mãe me matriculou numa academia com aulas de Jazz. Não foi muito tempo, depois a academia fechou e minha mãe não me matriculou mais em nada. Até hoje não sei por quê. Adorava ir as aulas. Sentia-me diferente das outras meninas.
Com 16 anos entrei numa outra academia e foi um sufoco convencer minha mãe a me matricular. Ela queria que eu fizesse piano, mas eu não queria, queria fazer dança. Isso durou muito tempo até ela me matricular.
Dancei em alguns lugares na minha cidade mesmo, mas minha professora não tinha tanto conhecimento assim sobre a área. Por influência do meu ex-namorado da época, entrei na Fundação das Artes para fazer Ballet. Como não sabia nada do teste, me inscrevi numa Dança esquisita chamada “Moderno”.
No dia do teste eu tremia muito, nem sei como faria o que era para fazer. Quando vi as sequencias.... “è isso” pensei “è isso que eu quero fazer”. Era a tal Dança que rolava no chão. Amei tudo! Fui pra casa queria mostrar a Dança pra todo mundo.
No começo tudo era muito difícil, as meninas da turma eram formadas em Ballet, eu sentia que não sabia nada mesmo depois de fazer as aulas na academia. Porém, não fazia corpo mole. Rolava,caia,batia,trombava, doía, o joelho ficava roxo, o pé com calo, meu osso saliente da coluna inchava por causa dos rolamentos! Era bem difícil... Aliás, não aconselho ninguém a fazer corpo mole numa aula de Dança. Fazer Dança exige esforço e muito treino. (E trate seu corpo com amor, para evitar lesões. Lesões não devem ser troféu para nenhum bailarino).
No dia da apresentação, lembro que o ensaio era a tarde no Teatro Paulo Machado de Carvalho, e não dava tempo de voltar para casa... Passei a tarde toda no Teatro assistindo as coreografias, reparando as professoras ensaiarem o pessoal. Fiquei sozinha na platéia, apenas observando... E assim foram os meus anos (Total de 4) na Fundação das Artes. Sabendo da minha curiosidade, a professora nem se importava quando eu ficava atrás da coxia observando as meninas dançarem, até dizia: “Eh Verônica... só olhando...” Foram 2 anos de Moderno e depois de Ballet. Eu queria ser bailarina... bailarina Contemporânea!
Hoje sei que Contemporâneo, Moderno e Ballet são da família de Danças Cênicas. Cada uma significando uma época e valores da sociedade, pensamentos de bailarinos, coreógrafos e pesquisadores. Este estudo é longo... Parece que quanto mais se estuda, mais coisas temos a aprender. Quanto mais se lê, mais temos que buscar.
Portanto, quando escuto minhas alunas falarem que querem ser bailarinas, eu me pergunto em qual estilo que ela se identificará! Pois na Dança temos tantos caminhos, tantas possibilidades... e ás vezes estar no estilo errado pode frustar o caminho de uma possível artista.
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