Quando comecei a fazer Ballet, entrei numa sala de fase inicial, portanto, só tinha criança!
Claro que fiquei muito desconfiada dessa situação, mas minha professora garantiu que no Ballet não devemos pular fases ( Ensino aprendido e posto em prática até hoje. Mas... pense bem, você acha mesmo que é só no Ballet que temos que ter essa postura? Tenho certeza que não!).
Pois bem, fiz. E quanta dificuldade! Detestava olhar para o espelho e me ver completamente diferente, esquisita, fazendo movimentos rígidos, que não tinha nada haver com a filosofia do Contemporâneo. Com o estilo de Dança que escolhi como verdade e que me identificava.
Eu estava precisando conhecer a Origem da Dança Cênica. Precisava entender tantas mudanças (Começou-se dançando em palácios reais e depois, passamos a dançar no chão...). Mudanças no movimento, vestimenta, filosofia, corporeidade. Mudança histórica, mudança do tempo.
Com as aulas, meu corpo ficou mais ereto, meus braços com linhas harmoniosas e melhorou muito o meu equilíbrio. Saltos e giros eu já fazia no Contemporâneo, mas mesmo assim, ficava preocupada em saltar e girar no Ballet. E a preocupação me fazia... CAIR!
A maior preocupação no Ballet é se a forma está harmoniosa (se o movimento está bonito) e confesso que isso é muito chato, pois não conseguia interpretar, dançar, o que sempre foi de suma importância para mim. Eu ia pra aula desanimada.
Quando fiz Ballet na Escola Livre de Dança, o nível era intermediário/avançado e o Método diferente, com o Método do Klauss Vianna. Era um Ballet partindo da Consciência Corporal, respeitando seus limites. Isso me causou um choque, pois tinha acabado de terminar o básico numa escola tradicional. Eu fiquei bem desanimada com tantas mudanças. Esse Ballet da Escola Livre se adaptava melhor ao meu corpo, mesmo assim me sentia confusa, pois tinha que rever conceitos o tempo todo...
Fui procurar outra Escola –também- para fazer Ballet. E que correria! Meu corpo precisava se adaptar rápido. Mas quanto mais eu me estressava, menos curtia. E isso não foi legal!
Percebi que para aprender Ballet temos que conhecer o limite do nosso corpo e respeitá-lo. Temos que respeitar nosso tempo, pois não é uma técnica fácil (qual técnica é fácil?). Muita gente dirá “Não Verônica, temos que ultrapassar os limites”, respondo: e ter lesões? Hum...
Para chegar nessa fase percebi que o Ballet é uma técnica muito eficiente para refinamento dos movimentos, adquirir disciplina, musicalidade, equilíbrio... mas não é a única. E o pensamento de o Ballet ser referência para toda Dança, eu discordo. Não aprendemos a rolar no chão, sapatear, não tem trabalhos de tronco (até tem, mas são pouquíssimos), não aprendemos a improvisar (isso é um pecado mortal no Ballet), não existe trabalho de quadril, torções, cambalhotas, movimentos de mãos (livre) e muita coisa mais. E o bailarino precisa dessa versatilidade, para ampliar seu leque de possibilidades e ter um corpo acessível e versátil para um coreógrafo, para um projeto onde se incluem outras técnicas.
Quando meu corpo começou a se adaptar ao Ballet (Também), senti muito prazer em fazer as aulas. Nem as aulas de ponta me incomodaram. E sabe por quê? Primeiro precisei entender que a Dança que eu gosto de dançar é o Contemporâneo. Como já disse anteriormente, essa é a minha verdade. Porém, não me cristalizei no que sabia para me sentir segura, senão, não aprenderia nada novo. Quando você acredita na Dança que faz, conhece suas qualidades, benefícios e história você aceita fazer qualquer Dança sem preconceito. Porque sabe de onde partiu.
Vejo muitos bailarinos em conflito, menosprezando as aulas (“Pra que vou fazer isso?”), duvidando da capacidade do professor, fechando-se cada vez mais para o novo em vez de estudarem! Esses, infelizmente, perdem a oportunidade de serem grandes Artistas da Dança.
Se você quer ser Artista da Dança, ESTUDE. Leia, pergunte, faça aulas diferentes, encontre dentro de você o que te move. Aprofunde-se sim numa técnica, mas não tenha preconceito. A Dança existe desde que o homem existe! Desafie-se!
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