Oi gente tudo bem? Estava com saudades de escrever no meu Blog... Desculpe a demora de postar. Demorei um pouco por causa do trabalho e também porque esse assunto chamou demais a minha atenção ultimamente. Mexi bastante neste texto para organizar as ideias. Considerei importante colocar o dedo na ferida nessa situação delicada.
Estrear um espetáculo é muito bom!
São meses de ensaios, e se você for o criador ou co-criador como muitos bailarinos contemporâneos são, participou de toda a produção do espetáculo, da escolha das músicas, a leituras e construção de células coreográficas, é melhor ainda!
È um alivio, pois toda a montagem acabou. Agora é rever uma coisa ou outra e quem sabe mudar. Se precisar.
Esse momento é bom e é importante dividir com todos. Todo Artista divulga seu novo trabalho com a ajuda de e-mails e telefonemas, além do material de divulgação, para todo mundo conhecido e desconhecido: família, amigos próximos ou distantes, amigos de Dança ou de outra área Artística, pessoal do trabalho, alunos, amigo dos amigos, namorado e assim por diante. O Artista divide o seu trabalho com a platéia.
Ninguém pode convidar um amigo para ver seu trabalho no escritório, no hospital ou na loja, por exemplo, mas o trabalho do Artista é para todos. È neste momento que as pessoas podem conhecer seu trabalho.
Após a apresentação ao arrumar as coisas e sair do teatro você se pergunta: “Cadê aquele monte de gente que convidei?” E, algumas vezes, é triste a constatação: NINGUÈM apareceu.
As pessoas não vão porque não tem o hábito de ir ao teatro ou porque não considera importante assistir o trabalho de alguém que conhece?
Tenho certeza que muita gente da Dança ( ou Não) passa ou já passou por isso. E é uma situação tão freqüente que nem podemos imaginar.
Dias depois, alguém pode perguntar como foi e algumas desculpas como: “Não deu... choveu”, “Puts é mesmo, esqueci”, “ Ah, eu tinha trabalho pra fazer”, são normais (até aquele que considerou que você estava dando em cima dele). Sem graça você responde: “Tudo bem”. Tudo bem mesmo... Ninguém é obrigado a ir.Mas olha o que aconteceu comigo uma vez:
Depois de um tempo, conversando com uma amiga, num dia qualquer, escutei e vi minha amiga toda deslumbrada porque viu um Artista famoso. Ela disse que ele é muito talentoso (mas não conhece o trabalho do Artista, pois nunca viu). Então, estranhando essa atitude, respondi que artista eu também era, e ela respondeu: “Você é autista? hahahah”
(??????) Qualquer pessoa se sente desrespeitada com isso!
Porque uma pessoa que aparece na televisão é mais Artista que você, que trabalha tanto quanto a outra pessoa? A diferença é o veículo?
A TV traz fama. Porém, parece que somente a fama é valorizada, a qualidade do trabalho não conta. (senão muita gente não faria sucesso).
Não sei se ajuda fazer esse desabafo/reflexão. O que eu gostaria de dizer aqui, é que as pessoas respeitem o Artista que não é famoso. Fama não significa qualidade.
O convite para conhecer o trabalho é para todos. Um convite é para ver a obra, conhecer o trabalho, não um cartão de aplauso individual.
Se alguém consegue admirar taaaanto um Artista que não (te) conhece e que você não viu o trabalho dele, então é capaz de valorizar aquele que você conhece. Que você viu a luta diária pra estudar, ouviu os desabafos que a Empresa ainda não pagou, que foi uma dificuldade conseguir o figurino para a apresentação, que está ouvindo o coreografo berrar impropérios na busca por perfeição, e outras coisas mais que a maioria das pessoas desconhecem porque não tem interesse em ouvir... ( Até porque temos que ser humildes, senão, falam que somos metidos demais). Isso não parece nem um pouco glamouroso, mas é todo o caminho até o trabalho pronto! Àquele que você pode assistir!
Desculpe o desabafo. Hoje é comum discutir sobre como atrair a platéia, pois queremos ir além, atingir pessoas que não conhecemos, mas está difícil também, trazer ao teatro quem conhecemos.
Ninguém é obrigado a assistir ao espetáculo. Todo Artista tem consciência disso. Mas respeite-o.