No post anterior, vislumbramos um pouco da História da Dança Cênica. Vamos continuar com mais alguns elementos para reflexões e possíveis esclarecimentos.
E o público?
Pois é, o público ( e me incluo nisso,pois muitas vezes acho estranho o que vejo) ainda está
acostumado a ver uma Arte decorativa, somos ensinados assim, portanto esperamos
por isso. As pessoas ainda se incomodam com uma arte que possam tirá-los da
cadeira, ou fazê-los por alguns minutos ( alguns minutos viram anos) terem dúvidas do que estão vendo.
Li um texto muito interessante chamado “Quem tem
medo da Arte Contemporânea?” de Luciana Veras.
Este texto baseou-se no livro, realizado através de uma
oficina em Recife, escrito pelo curador e critico de Arte Fernando Cocchiarale
e também, com a participação de vários historiadores e pesquisadores de
correntes artísticas contemporânea para falar de... Medo do Contemporâneo.
Segundo o
texto a Arte Contemporânea causa medo, porque estamos acostumados a ver a Arte
desassociada da vida (pense no Ballet Clássico como exemplo), porque o
espectador vê suas convenções, conceito de beleza, expectativas toda do avesso.
Argumenta que por muitos anos a arte foi vista assim mesmo, porém depois da
guerra, “o mundo perdeu a inocência” (Pense no mundo como estava e nas
Propostas do Movimento Modernista).
A arte Contemporânea, e aqui podemos dizer com toda
liberdade: A Dança Contemporânea é realizada nos dias atuais com todos os recursos
disponíveis, sensações e vivencias do nosso tempo e esse conceito surgiu por
volta dos anos 60, quando a Arte Moderna se esgota. Mas (pasmem), nem toda obra feita na contemporaneidade é contemporânea. (!) O Moderno e o Clássico ainda estão muito próximos dos nossos pensamentos e concepções de Dança ( e de outras Artes também).
O Contemporâneo é a Arte que problematiza o mundo que vivemos, como
diz no texto “que se impõe como alternativa”, “uma produção que busca uma
invenção do mundo que o cerca”.
Muitos que estudam o Contemporâneo ou assistem
qualquer coisa relacionado ao Contemporâneo tem a sensação que a obra não foi
concluída, isso porque, segundo diz o texto, “O importante não é a linguagem é a
forma de operar”. È o eclético, a “Multiplicidade de expressões”.
“Contemporâneo é o diálogo espírito de uma época”
adorei essa frase! È importante que o expectador não procure entender a obra,
porque o artista não procura que a obra seja entendida, e sim sentida.
Toda Arte Contemporâneo é um conceito, um
pensamento, onde se utiliza de diálogo com outros meios artísticos (ou não)
para fazer uma obra.
Quando
falamos de contemporâneo, estamos falando de um pensamento maior e complexo,
não somente de um estilo. È o reflexo de nossa sociedade, múltipla, acelerada,
confusa, híbrida. È uma linguagem com múltiplos sentidos. ( vc assiste e pode interpretar muita coisa)
Quem vai dizer com precisão sobre a Arte
Contemporânea serão outros, os que virão depois de nós. Nós que estamos vivenciando esse processo não
podemos dizer nada com muita clareza, são apenas elementos para discussão.
Ainda restam muitas dúvidas? Normal. As pessoas esperam que possamos responder de uma maneira objetiva porque estudamos isso ou aquilo.Por não estar finalizado ou esgotado, não podemos fechar um conceito definitivo para este conceito atual ( que começa mais ou menos na década de 60. Só para lembrar!)
Como na Arte Moderna, no Contemporâneo existem várias correntes. E as aulas sempre são uma mistura de conceitos e técnicas, juntamente com a pesquisa corporal do professor/interprete.
Fui Clara? "To te confundindo para te esclarecer" como diz a música da Zélia Duncan
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Consulta:
"Quem tem medo da Arte Contemporânea?" Luciana Veras
foto: Merce Cunningham
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