Assédio Moral
“É a exposição dos
trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras,repetitivas e prolongadas durante a jornada de
trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas,
relações desumanas e aéticas de longa duração, de
um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a
relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”. http://www.assediomoral.org/spip.php?article1
Demorei para escrever este post por causa do tema. Quando
lembro pelo que passei fico ainda revoltada e muito triste.
Existe
Assédio Moral na Dança? Todos nós sabemos que existe. Mas ignorar as
humilhações (que é bem diferente de cobrança) aprendemos logo no início, pois
acreditamos que o Maitre sabe o que está falando/fazendo.
Estar em cena é algo indescritível. A Coxia parece
nos proteger, da boca de leão que é o palco. Dor de barriga, medo,
arrependimento, vontade de correr... Tudo ao mesmo tempo.
Sensações misturadas. E uma responsabilidade enorme,
com a platéia, com o grupo, com o coreógrafo, com a escola e com você. Você se
põe a prova, mete a cara, nu e cru. Está ali para ser julgado, com ou sem
justiça, por pessoas que desconhecem todo o caminho desse trabalho.
Por mais que você confia no que está fazendo, a reação
da platéia é sempre um mistério. O possível é dar o melhor, dançar o máximo que
puder, com ou sem dor, brigada com alguém ou não. Já dancei em Palco grande e
pequeno, rua, praça, já cantei em igreja lotada, dancei no meio da rodas de
improvisação, em entrada de teatro... Tudo é muito maravilhoso!
Um dia... não senti mais essa sensação... Quando
tive minha crise emocional, a possibilidade de dançar ou um convite me deixava
nervosa. Eu imediatamente começava a chorar. Sentia o corpo tremer, minha
respiração e meu coração aceleravam. Não sei como tudo começou apenas me lembro
de um cansaço tremendo. Fiquei pelo menos 2 anos sem dançar.
Havia anos que corria atrás da dança, com ensaios
exaustivos, muita aula. Houve muita conquista, mas também, muita frustração! Como o
caminho de muitas pessoas nessa vida maluca.
Neste período dava aulas. E isso me bastava e me
deixava feliz. Porém encontrei pessoas que duvidavam da minha capacidade,
porque eu não aceitava Dançar. A Minha
escolha, foi Não provar nada, (pensei) não precisava disso. Paguei com isso e
foi um período penoso... fui Assediada Moralmente, chamada de picareta e
incapaz.
Quando conversava com meus chefes sobre o que estava se passando
naquele local recebi como resposta: “Não discute com ela. Você sabe, a corda
arrebenta do lado mais fraco e o lado mais fraco é você”. Estava totalmente sem
respaldo. Aí continuou: fui transferida da sala que dava aula para uma menor,
outra pessoa era escolhida para fazer funções (mostrar o que é o Ballet), minha
roupa era sempre inadequada, meu cabelo poderia ser melhor. Eu chegava e o
assunto “acabava”. Um dia uma mãe me disse: “ Verônica estão fazendo reuniões
para tirar você daqui.”
Claro quis conversar, mas Discuti, briguei. Ela não
conhecia a minha história! Fui completamente desrespeitada.
A Coordenadora desse espaço me dizia: “Quem manda
aqui sou eu, eu vou fazer essa pessoa dançar na sua cabeça”. Fiquei doente.
Quando tinha que ir para este lugar vomitava, sentia dores, não queria comer.
Meu trabalho não rendia. Mesmo contrariando tudo terminei o meu trabalho neste
local. Ano seguinte, fui dispensada sem nenhuma explicação.
O que fazer quando somos assediados desse jeito? Não
me ensinaram. E até hoje eu não sei. Quando estou em um projeto sou muito
responsável, mas deixei de me apegar. E se ali não está bom, é melhor sair. Não
vale a pena esse desgaste. Não procurei por justiça mesmo sabendo que devia. No
ano seguinte voltei para este projeto, com outras pessoas e não mais no mesmo
local.
O tempo passou (Graças a Deus). Mas isso me deixou
muito sensível a qualquer ação que me faça sentir e identificar algo ruim.
Estou atenta!!! E indisposta a passar por isso novamente.
Voltei a
estudar porque na época eu precisei parar, voltei aos palcos também. Quando
retornei, me sentia (e me sinto) completamente livre de amarras. Eu me sinto livre para
fazer qualquer coisa. E o melhor: Vacinada de criticas!
Você já passou por isso?Está passando por isso? Este link ajuda a esclarecer sobre a postura que devemos tomar.
Mais um post para reflexão.
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